7 de fevereiro de 2011

Atacar é a chave para os desafios do Real Madrid na temporada


Se quiser terminar a jornada 2010/11 com alguma conquista relevante, o milionário time de José Mourinho terá que superar barreiras que vêm se apresentando intransponíveis nos últimos tempos.

A começar pela maior de todas: o Barcelona de Guardiola, Messi, Xavi, Iniesta, Villa, Daniel Alves…e um futebol que tangencia a perfeição. O time merengue terá que superar todos os traumas dos 5 a 0 do turno no campeonato espanhol para encarar os melhores do mundo na final da Copa do Rei e mais a partida de volta pela liga. Isso sem contar os sete pontos de desvantagem na classificação.

Na Liga dos Campeões, a missão imediata é ultrapassar as oitavas-de-final, etapa que brecou o Real nas últimas seis edições. E logo contra o Lyon, algoz da última eliminação. Se pela produção em campo a equipe espanhola tem amplo favoritismo – o time francês ocupa apenas a sexta posição do campeonato nacional, a sete pontos do líder Lille -, o aspecto psicológico deve pesar demais num ambiente de cobranças proporcionais ao investimento e à tradição do clube.

Qual a receita, então, para enfrentar todas essas adversidades? A melhor resposta foi dada nos 4 a 1 sobre o Real Sociedad no Santiago Bernabéu: atacar.

Com Ozil, Kaká e Cristiano Ronaldo promovendo intensa movimentação e se aproximando do estreante Adebayor no habitual 4-2-3-1, o Real avançou a marcação e pressionou o adversário desde o início com notável volúpia.

Com volume de jogo e velocidade, o desempenho de Ronaldo cresce exponencialmente. O luso, que não marcava há quatro partidas, anotou dois, se mexeu por todo o ataque, mostrou sintonia fina com seus companheiros na nova configuração do quarteto ofensivo e foi o melhor em campo.

Kaká também deixou o dele. Mais importante que ir às redes foi sua desenvoltura e o bom entendimento com Ozil que não vinha acontecendo e eles acabavam ocupando o mesmo espaço. Na maioria das vezes, o alemão e Ronaldo se alternaram pelos flancos e o brasileiro ficou mais centralizado, com liberdade para se movimentar.

Adebayor fez o que Mourinho esperava dele: trabalhou como pivô sabendo a hora de ficar na área como a referência para os cruzamentos e abriu espaços quando o talentoso trio de meias precisou. A boa atuação foi premiada com um gol, completando com categoria jogada bem trabalhada no final do jogo, quando Albiol, Di Maria e Canales já haviam substituído Ricardo Carvalho, Ozil e Kaká.

O dilema do “Special One” é que por mais que mude a formação da defesa e dos volantes, por opção ou necessidade, desde o início da temporada, o treinador não consegue dar consistência ao sistema defensivo. Mesmo que os números não sejam tão ruins (apenas 19 gols sofridos em 22 rodadas), o time leva sustos até contra equipes modestas no certame nacional e perde pontos irrecuperáveis.

Portanto, contra o poderoso time catalão o técnico português não terá como repetir a estratégia de marcação forte e dedicação tática máxima utilizada na Internazionale. Pelos problemas técnicos e táticos na retaguarda que minaram o time na goleada no Camp Nou e até por uma questão cultural. O Real não costuma se inferiorizar tanto diante de qualquer adversário. Mesmo um Barcelona já histórico.

O jeito, então, será tentar ficar mais tempo com a bola. Ou aproveitar com talento e objetividade a sua posse e fazer mais gols que o arquirrival num confronto estilo “briga de rua” ou “vale tudo”. Talvez apenas o Real no planeta tenha potencial técnico para arriscar tanto.

Já no duelo com o Lyon, a equipe precisa ser ousada já na partida de ida para que um resultado adverso não torne a pressão sufocante em seu estádio e a equipe tropece nos próprios nervos. Além disso, o histórico recente na competição continental exige uma postura agressiva, condizente com o maior vencedor do torneio, com nove conquistas.

Mourinho é injustamente acusado de “retranqueiro”. Talvez a maioria dos críticos não se recorde do ofensivo 4-3-3 utilizado na conquista da Liga dos Campeões 2003/04 com o Porto e nos títulos do campeonato inglês pelo Chelsea nos dois anos seguintes e guarde na memória apenas a feroz retranca da Inter em Barcelona com um jogador a menos no ano passado.

Agora, os rumos da primeira temporada em Madrid apresentam mais uma oportunidade de calar seus detratores. Marcação por pressão, espírito ofensivo e coragem um tanto suicida podem afastar os oponentes de sua própria área e levar Mourinho e sua equipe a uma jornada histórica.



Créditos:Marden




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