6 de fevereiro de 2011

Olho Tático: Palmeiras 1996



Em 1995, Vanderlei Luxemburgo deu ouvidos ao coração rubro-negro e aos projetos ambiciosos do então presidente do Flamengo Kléber Leite para o ano do centenário do clube e deixou o poderoso Palmeiras, então bicampeão paulista e nacional. Depois de perder a queda de braço com Romário na Gávea e ter uma passagem discreta pelo Paraná, o treinador retornou ao Parque Antártica no final da temporada para iniciar a montagem da equipe para o ano seguinte.

Com o suporte financeiro da Parmalat, Vanderlei reuniu ótimos jogadores mesclando experiência e juventude, planejou, treinou, ensaiou em um torneio de verão com uma goleada sobre o Borussia Dortmund por 6 a 1, e montou um esquadrão efêmero, mas encantador e irresistível. Atuando em um 4-2-2-2 simples, mas eficiente, o time alviverde tinha uma volúpia ofensiva impressionante. Cafu e Júnior voavam pelos lados, com a devida cobertura de Flávio Conceição e Amaral; Djalminha pensava o jogo e Rivaldo era quase um terceiro atacante, fazendo companhia a Luizão e Muller. Sandro e Cléber também apareciam no ataque e até o goleiro Velloso devia pensar em participar da festa. A equipe marcava mais à frente e não parava de agredir os adversários, sempre em alta velocidade. O time forçava o jogo pela esquerda com Júnior, Rivaldo e Muller e, quando a jogada não começava e terminava por aquele lado, a bola era invertida por Djalminha para Cafu, que chegava ao fundo e tinha pelo menos três opções dentro da área para concluir.

Os números falam por si: em 30 jogos, 27 vitórias, dois empates e apenas uma derrota, por 1 a 0 para o Guarani, em Campinas. O ataque marcou nada menos do que 102 gols, média de 3,4 por partida. Só o Santos de Pelé havia ultrapassado a barreira dos cem gols no Paulistão, em 1962. O Verdão venceu os dois turnos e colocou 28 pontos à frente do São Paulo, segundo colocado. A imagem daquele momento inesquecível do futebol era Luxemburgo à beira do campo na Vila Belmiro pedindo para que o time não parasse de atacar, mesmo com 4 a 0 sobre o Santos (o time ainda marcaria mais dois gols). Segundo o técnico, a melhor forma de demonstrar respeito pelo oponente é jogar sério, buscando os gols durante os noventa minutos. Nem o então campeão mundial Ajax jogou mais que o Palmeiras naquele primeiro semestre de 1996.



Créditos:Marden



Nenhum comentário:

Postar um comentário